Precipício
Por Luiz Mário de Melo e Silva
Curto a droga, amo a droga do precipício que são os meus amigos.
Um precipício sem fundo onde caio e não chego nunca,
porque os amigos são o meu mundo...
Atiro-me ainda sempre em queda livre,
nesse vazio escuro,
com o inconfessável desejo de impor meu submundo
a um espaço que com muito custo inundo.
Mas justo por ser de todos o mais profundo,
me autoconsumo em dores insanas
quando em suas paredes não consigo cravar meus dedos putos.
E ter que enfrentar o fracasso de não conseguir moldar um amigo.
Como também acontece com o precipício.
Ter amigos é como estar num precipício,
Onde não escolhemos nele cair.
Mergulhamos sem conhecer.
Num momento esbarramos quase nos fundindo
No outro nos distanciamos em queda livre,
Sem nada para tocar.
Nele estamos livres sem nada exigir,
Mas em profundo êxtase querendo algo para agarrar.
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