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"Não é o bastante ver que um jardim é bonito sem ter que acreditar também que há fadas escondidas nele?"
(Douglas Adams, 1952-2001)

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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Mestiçagem, AP 470, caixa-2,....


Cultura da hipocrisia

Por Luiz Mário de Melo e Silva
E-mail: luizmario_silva@yahoo.com.br

A miscigenação até que poderia fazer do brasileiro um povo que supera todas as dificuldades. E que se supera. Mas o que seria o motivo para engrandecimento, ao contrário, é fonte para a derrocada.

Num país tropical, como o Brasil, o cruzamento inter-racial dotaria a população de capacidades para se adaptar e enfrentar as intempéries. Todavia, esse cruzamento estancou naquilo que mais se torna nocivo ao povo, ou seja, a cultura.

Se do ponto de vista biológico tal mestiçamento é benéfico, do cultural, não se pode dizer o mesmo, pois a tentativa de impor a cultura de uma “raça”, criou um ambiente onde viceja a corrupção, numa envergadura nunca antes vista no mundo. Ou seja, é a cultura da hipocrisia.

Sim, porque, tomando como base duas autoridades do país, no caso o ex-presidente Lula e o atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa  e, sobretudo, suas respectivas histórias e origens semelhantes haveria de se acreditar que ambas estariam irmanadas no trabalho de fazer deste um país soberano onde vigora a igualdade, a fraternidade, a liberdade e – em última instância - a justiça.

Mas não é isso que ocorre. E esse fato pode ser observado nas críticas que o ministro Joaquim Barbosa recebeu e ainda recebe por parte de muitas pessoas que têm profundos vínculos (ou devem a própria vida, as suas existências) a partidos políticos, como se eles fossem a razão de ser de uma sociedade moderna e não feudal, como ora acreditam - e se comportam - algumas dessas organizações, talvez até criminosas.

Ora, as opiniões raivosas não têm sentido, pois a atitude do ministro foi a mais correta possível, e não poderia deixar de ser, ao seguir, ou prosseguir, na busca da verdade a partir da constatação da maior autoridade do país, à época o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quanto a prática do crime de “caixa 2”, utilizada por seu partido e os demais, em entrevista pública.

Tanta celeuma em torno da Ação Penal 470, popularmente conhecida como “mensalão”, julgada pelo STF, para esconder o óbvio constatado por duas autoridades públicas, tende a uma finalidade: manter a sangria dos cofres públicos. A corrupção.

Ou seja, uma pequena classe (ou “raça”) se prevalece do uso de todas as condições possíveis e imagináveis para ludibriar e impor sua cultura (ou sua razão) a um país. É tanto que o partido que foi atingido em cheio por esse crime, não faz questão de fazer aquilo que pregava na sua origem, ou seja, a união popular, exigindo em praça pública a apuração a fundo do começo e o desenrolar dessa, e de toda, trama macabra que vitima o povo. É estranho. Muito estranho! Será que o esquecimento (para não dizer outra coisa) dessa característica, tão peculiar, que lhe valeu o reconhecimento como o partido mais ético, tem por finalidade fazer valer a cultura da hipocrisia? Ou será  que já está valendo, se tomarmos esta como a República da Corrupção, pois os fatos só se avolumam, numa proporção como nunca antes na História? Estariam tentando poupar alguém? A miscigenação política criou a anticultura, para a miséria de um povo.

Mas como estamos falando de um povo miscigenado, acredito piamente que é possível vencer essa, agora, anticultura desde que aqueles que possuem alguma informação contrária a ela, possa compartilhar com a população para que se proteja, se defenda. Ficar calado sobre ela é alimentá-la. É nutrir a corrupção.

Ou seguir o exemplo da juventude rebelde que não se curva diante de um tempo em que pregar uma coisa mas praticar outra é a vírtu (lembrando Maquiavel). Os exemplos são muitos. Há até aqueles que morrem levados pela hipocrisia (consumo de drogas) mas não se rendem, não se entregam a ela.

Burrizes...

(Até onde vai) o limite de um bosque(?)

fdfd

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Política, superestrutura, sociedade, natureza...

Política em ação
Por Luiz Mário de Melo e Silva*

Já foi dito que “a política é a continuação da guerra por outros meios” e sendo o homem um animal político, segundo Aristóteles, há de se convir que ele vive em permanente estado de guerra - ainda que, aparentemente, não declarado -, ao contrário do que postulara Thomas Hobbes, com seu Leviatã.

Tal situação foi perfeitamente delineada por Karl Marx ao revelar os meandros da luta de classes (ainda que não tenha sido o primeiro a abordar a questão), tendo a economia como fator principal dessa luta que coloca de lados opostos patrões e empregados - esclarecendo, portanto, o sentido exato de política como defesa de interesses e ideias (o que não ocorreu com Maquiavel e Hobbes, pois, embora houvessem retirado o poder das mãos do clero apenas o transferiram aos monarcas, sendo que Hobbes defende a ideia de um estado absoluto, e escamoteando o sentido exato de política mantém, porém, o status quo de uma classe em detrimento de outra muito maior, como se observa até hoje).    

Ora, se política se define como citado acima, por que, então, a grande maioria (o povo) parece aguardar por decisões alheias a si? Óbvio que a resposta é porque, citando novamente Marx, a ideia dominante é a ideia da classe dominante. Ou seja, a burguesia capitalista impõe sua  vontade por meio da superestrutura moldada com sua ideologia, dissimulada no interesse geral movido por uma “mão invisível”- é claro que ela move apenas o capitalismo; bem como movia a fé na Idade Média em favor da Igreja. Isto é, é manco. Logo, é  tendencioso, contrário ao que diz a política.

Haverá quem discorde, mas defender ideias e interesses que não sejam pessoais, pode até ser imaginado como política, mas é algo tão superficial que quem a faz certamente é ludibriada constantemente para seu próprio prejuízo, como acontece como o povo que serve de bucha de canhão para o projeto (interesse) de poder dos políticos profissionais. Neste sentido, o povo não faz política, embora seja sua matéria prima.

É claro que o motivo não é a falta de educação, pois, embora exista, é algo que bitola, produzindo imbecis para servir de massa de manobra. Algumas religiões, por exemplo, são bastantes explícitas quanto a isso, que não à toa, criam fanáticos.

Contudo, para melhor compreensão do conceito de política em tela, seria interessante observá-la em grupos bem definidos como servidores públicos concursados, servidores temporários, profissionais liberais, comerciantes e, sobretudo, a elite que têm seus interesses bem definidos, ao contrário da avaliação feita por classe social, onde a ideia de povo é aplicada, levando à conclusão que ele foi contemplado em seu anseio, coisa que não se verifica na pratica, pela permanente condição de penúria em que vive.

Neste sentido, pode-se perceber, então, a política em ação engendrando as relações sociais sem que, no entanto, seja vista como apanágio de uma pequena classe (elite) sob pena de haver uma sociedade doentia, como, aliás, já se observa com a violência crescente, o consumo de drogas, sobretudo, entre jovens (e adolescentes), por exemplo,  para quem, elas (as drogas) parece ter tomado o lugar da perspectiva de melhores condições de vida.

Portanto, nada mais natural fazer política para entender - e viver - a sociedade, haja vista ser ela o ethos civilizatório e daí a cura – ainda que atualmente seja mais a causa – para as doenças sociais. Pois, assim como o antídoto para o veneno da cobra está na própria cobra, a solução para os problemas sociais encontra-se na própria sociedade. Ou seja, na política desde que praticada, conscientemente por todos, no sentido aqui apresentado.

* Coord.do Fórum em Defesa do Meio Ambiente de Icoaraci (FDMAI).
E-mail: luizmario_silva@yahoo.com.br
Tel.: 83636720
Icoaraci – Belém – Pará

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Política, meio ambiente e canalhices!!!

Canalhice

por Luiz Mário de Melo e Silva*

A política, como mecanismo “civilizado” de tomada e manutenção do poder, é reveladora (e autorreveladora). Mas é na campanha eleitoral que atinge o ápice dessa condição, pois, se bem observado, os candidatos, ainda que tentem, através do marquetingue, se mostrar como a melhor mercadoria a ser comprada (sim, porque na sociedade capitalista a conduta moral e o padrão cultural é o hiperconsumismo, sobretudo de supérfluo) só conseguem tal intento de maneira pouco honesta.

Todos devem imaginar que o eleitor é algum palhaço ao se apresentarem com largos sorrisos, como fazem aqueles que já estiveram em algum circo diante de palhaços, gargalhando, enquanto eles (os palhaços) permanecem sérios, alguns com semblantes de tristeza. Mas eles (os candidatos) ainda dizem respeitar o eleitor. Será?

A falta de seriedade começa aí e não tem limites. O que dizer daqueles que tentam esconder a aliança com um partido que tem a fama de ser de corruptos, ao retirar a sigla do partido da bandeira? Ou não assumir publicamente que é filiado ao mesmo? Ou ainda, dissimular, escamoteando a cor predominante do partido que deve prevalecer em sua bandeira, já que ela carrega as mensagens que o partido ou pessoa propõe defender?

Outra questão é o abuso que ocorre depois de eleitos, pois esquecem(?) que são servidores públicos e se portam como donos do cargo público que assumem, passando, então, a impor suas vontades a partir da coisa pública. Aliás, seria interessante perceber que quando se apresentam para um concurso público (e a eleição é o mais original concurso dessa natureza) são cândidos servidores que, com o tempo, se promovem a funcionários públicos e depois se impõem como autoridades. Ou seja, se concedem autopromoções (a redundância é proposital), num ato de desonestidade pública.

Entre vários exemplos há o referente ao público izabelense mais humilde que é vítima de algo assim, num escandaloso flagrante. Quem não se lembra de um evento acontecido em praça pública onde o público (legítimo dono, em se tratando de República) foi impedido de freqüentar tal espaço, tendo, portanto, negado seu direito natural e legítimo? Recorde que entre os promotores estavam a prefeitura e o estado que tem a finalidade servir ao publico e não proibi-lo de usufruir de algo que é seu. Como pode o servidor proibir a quem lhe dá a condição de ser, de existir enquanto tal, a quem serve?! Isto é um abuso, um absurdo e tende a se configurar em crime de lesa-dignidade (ou mais outras coisas), para ficar em apenas um exemplo, já que o espaço é curto para abordar outros casos que serão apresentados oportunamente.

E nesse sentido, algo semelhante e nefasto tende a ocorrer após a eleição justamente por conta do que vem sendo sugerido sob a cor verde, diga-se.

Todos sabem que o verde simboliza a ecologia (ou a natureza para ser mais exato) e quem faz uso dessa cor tem que possuir com extrema responsabilidade o compromisso com a vida, haja vista que a natureza é sua fonte. Mas será que o partido, ou quem dela se utiliza, tem em seu histórico esse compromisso com a natureza, onde todos são seus dependentes? Ou será que só poucos irão se safar em detrimento da maioria caso ocorra algum indesejável fenômeno natural provocado pela poluição ambiental em decorrência do total desrespeito a ela, como acontece com o público constantemente desrespeitado por aqueles que se dizem seus representantes?

Assim uma catástrofe ambiental – e humana - é tão certa que até já foi anunciada por uma tal “onda verde” com um infeliz uso da cor verde em um espaço onde a natureza foi eliminada para dar lugar ao preto do asfalto, como ocorreu na av. Antônio Lemos, segundo o criador do paradoxo que talvez(?) sem perceber, acabou por, vias tortas, homenageando o executor de tal crime ambiental.

Portanto, não há algo mais público que a natureza (as praças confirmam isso). E político que não respeita a natureza não tem respeito também pelo público; mas que de tudo faz para iludir e dominar o eleitor, como acontece no processo eleitoral ao contar com o total apoio de puxa-sacos (e asseclas – e porque não?), revelando-se, assim, numa usina de canalhice.
 

*Coord. do Fórum em Defesa do Meio Ambiente de Icoaraci (FDMAI)
E-mail: luizmario_silva@yahoo.com.br  / Tel.: 83636720 – Icoaraci – Belém Pará.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Poesia Amazônida: Teus Olhos

Teus Olhos
por Otacílio Campos
 
Há um vazio em teus olhos
Um doce olhar melancólico
Escurecido de tons castanhos
Ah! Estes olhos
Sempre com esse olhar de quem não vê
Me prende até o íntimo
Aprisiona meus desejos
E tão egoisticamente
Me faz só tua
Nem aquilo que é belo e perfeito
Me faz perder um segundo que seja
Dos teus olhos furtivos
E neles passam meus dias
Passa minha vida
Meu amuleto, teus olhos
Minha luz, teu olhar
E quando cristais em forma de lágrimas
Deles rolam
Me inundam a alma de tristeza
Nublam meu dia inteiro
E como tua serva mais fiel
E amante mais devota
À arte de te querer
Logo trato de mudar o universo
A teu  favor
De mover as estrelas
Se acaso não as quiseres
De trazer a primavera se desejares flores
Ah! Os teus olhos
Que escondem um mundo secreto
Que me devoram, por certo
A cada noite
Teus olhos calmos que me cuidam
Sejam meus, eterno amor.

domingo, 15 de julho de 2012

Amazonês

Cultura Amazônida

Por Luiz Mário de Melo  e  Silva*

Quem desfruta do “paraíso”, jamais precisará de ilusões para satisfazer suas necessidades. È só estender a mão e apanhar o que é de seu interesse, o que tende a fazer com que a avaliação sobre quem vive nessa condição seja de pessoas indolentes, como o corre ao amazônida. Mas isso é coisa que nunca se confirmou e, agora, a verdadeira característica da região se apresenta a contragosto de muitos que pejorativamente tratam os nativos.

Não há como negar que a região amazônica detém tudo o que até hoje foi, é e será vital para a existência da humanidade. E a ciência, como marco das relações entre os povos e pensada como algo distinto da natureza perde tal distinção ser atentarmos que ela é sua linguagem refinada, escapando, por isso, aos cânones vigentes nas academias, se firma como mais uma das riquezas da Amazônia. Portanto, o povo amazônida trabalha e toma “ciência” do fato à sua maneira.

Sendo coerente tal raciocínio, o que leva o povo desta banda ser taxado de maneira depreciativa? A explicação possível é a de que aqueles que aqui chegaram como colonizadores (invasores), tangidos pela pobreza ambiental (e econômica) de seus países, impuseram um sacrifício a quem não necessitava, justamente por possuir as condições fundamentais para manter a si e aos seus. Os índios eram considerados preguiçosos por não se submeterem ao sacrifício, sendo, então, os negros que ocupariam a degradante condição social da escravidão - ora, ao amazônida não cabe a culpa pela miséria de outros povos.

Ocorre que a maneira depreciativa foi a forma encontrada para sufocar, no nascedouro, a cultura original da terra e a introdução da religião Católica e do gado bovino, foram os grande baluarte colonialista a impedir a cultura nativa, relegando-a ao esquecimento.

O boi-bumbá, as festas da quadra junina e, sobretudo, o Círio de Nazaré são as maiores manifestações culturais atualmente. Ou seja, a cultura ao touro (minotaurocultura) somada à ideologia religiosa em nada representam a cultura amazônica em sua originalidade, que tem na culinária e na música (carimbó), a primeira  comercialmente e a segunda, numa pálida aparição, sua referência.

Aliás, o povo que segue o cordão do boi é o mesmo que amanhã seguirá feito gado na corda em direção ao matadouro, como são conduzidos os bois aos abatedouros existentes nos interiores do estado.

Todavia, como dito anteriormente, a falta de força ou de estímulo para atuar no momento oportuno mostra-se falaciosa quando se observa ações individuais e coletivas, como a do jornalista Lúcio Flávio Pinto e do Movimento Xingu Vivo, respectivamente.

O primeiro, com seu jornalismo investigativo, desnuda os bastidores do poder que – diga-se – nada mais é que a sucursal da matriz colonial a impor suas vontades, fazendo este estado crescer feito rabo de cavalo: sempre para baixo. Numa, infelizmente, referência a submissão às decisões tomadas longe – e contra - da Amazônia.

Já o Movimento Xingu Vivo, com atuações enérgicas contra a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, onde seus integrantes se apresentam dispostos a entregar a própria vida pela causa, enterra de vez a idéia de que o povo desta terra não sabe o que quer.

E embora ambos tendam a representar extremos, o jornalista, com nuaces de erudito (elitista talvez) e o movimento, com algo de popular ao serem ferozmente perseguidos como criminosos por suas atuações, demonstram que em nada são subservientes às normas externas, logo, à cultura colonial.

Nesse sentido, tanto LFP quanto o MXV são verdadeiros “símbolos” culturais (ainda que poucos e “lentos”) para esta região e que, no devido momento, se apresentam como se apresenta também a natureza por meio de fenômenos como tsunamis, terremotos, secas, enchentes etc., quando tentam submetê-la a caprichos de poucos em detrimento da maioria; daí não confundir a mansidão como cultura original desta terra.

Sendo que sua verdadeira cultura é da coisa comedida, equilibrada e tranqüila por possuir tudo o que de necessário possa haver para a vida. De quem não precisa se desesperar para garantir o amanhã, pois dotado de toda riqueza possível e imaginável o amazônida é a nova referência para o mundo. Isto se a luta de LFP e do MXV for absorvida como cultura, pois para que esta seja verdadeira há que se impor e não, ao contrário, ser imposta.

Portanto, tanto a luta  de LFP e do MXV é de autodefesa. Não é ataque puro e simples, aliás, nem se deve falar em ataque e sim em reação, pois, para quem possui como único bem a vida em condições de extremo perigo, sua defesa será – óbvio – descomunal.  Como assim também o faz Lúcio em favor da verdade.

Aliás, é de imperiosa necessidade perceber que um povo sem cultura é um povo sem sonho para sonhar... È algo anencéfalo.  E seguir o rio vale mais que seguir o boi, como seguir a verdade é mais importante que seguir a “santa”. 


* Coordenador do Fórum em Defesa do Meio Ambiente de Icoaraci (FDMAI).
E-mail: luizmario_silva@yahoo.com.br/Tel.: (91) 8363 6720

Icoaraci – Belém – Pará

segunda-feira, 18 de junho de 2012

As Vadias
Por Luiz Mário de Melo e Silva*

No último mês de maio, as vadias sob o lema “Lugar de mulher é onde ela quiser” saíram às ruas para lutar contra a opressão histórica a que estão submetidas. Não há espaço mais simbólico para elas, onde expressam a síntese perfeita da liberdade.

Aliás, as vadias estão em qualquer lugar, pois ao tomá-las como referência para a liberdade não podemos deixar de perceber a simbiose entre a mulher e a natureza, porquanto geradoras da vida.

Vida é vadiagem, como sugere o parágrafo anterior? Não é só isso, porque é também solidão e ambas são filhas siamesas da liberdade.

E isso está impregnado no DNA psicológico de todo ser humano, pois durante algum tempo todos foram vadios e solitários quando desfrutam do paraíso no ventre materno. Obviamente que só a mulher pode, então, proporcionar uma vida livre - o que certamente é uma ameaça para aqueles, os salvadores de qualquer matiz, que se pretendem como os únicos capazes de garantir essa humana desejada condição, ensejando daí a raiz da opressão contra a mulher.

Ora, se o lugar dela é onde quiser, como diz o lema da marcha, há de se imaginar que podem estar em um puteiro, sendo - e porque não? - putas  como bem é a vida, esta que em sua inexplicável condição não ilude quanto à oferta do prazer, do orgasmo, do intenso êxtase, como proporcionam as putas a quem as procura. Se enganados estão aqueles que se deleitam com elas (putas e vida), certamente devem procurar a culpa em outro lugar. Quem sabe se onde encontram-se os santos e os moralistas? Portanto, a puta tende a ser a mais honesta das mulheres que não finge virgindade, logo, não há engano – algo insuportável a qualquer um.
  
Do mesmo modo é a natureza que não se oferece, mas está a disposição de todos. É perfeita, porque, de todos e de ninguém, leva a humanidade sempre para o adiante, para a transformação permanente com sua dinâmica que não se submete a centro algum dominador.

Assim as vadias, no mais concreto sentido de vida, então, encarnam o que de mais prazeroso se impõe ao ser humano: a liberdade para ser e estar onde quiser. E, com isso, podem resgatar os machos da beira do abismo em que se encontram, pois enquanto construtores de mundos artificiais vivem sobre estes com pés de barro.

* Luiz Mário de Melo e Silva é Coord.do Fórum em Defesa do Meio Ambiente de Icoaraci (FDMAI).
E-mail: luizmario_silva@yahoo.com.br
Tel.: (91) 8363 6720
Icoaraci – Belém –Pará.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Livro: Algumas Mulheres da História da Matemática (João Batista do Nascimento)



Este livro pode ser baixado no "link" a seguir: "Algumas mulheres da História da Matemática"

Sunshine

Arnaldo Baptista

I'm gonna see the rays of the sunshine
Antes do outro comercial.
E baseado num céu genuíno
Estrear no carnaval
Não sei se a guerra é na próxima sexta
Ou se é lá no outro canal
Enquanto isso sinto a fome do rico
Neste trânsito infernal
Quero cantar no meio da chuva
Lá no fundo do quintal
I'm gonna see the rays of the sunshine
No eterno azul do mar

Sunshine, sunshine
Sunshine, sunshine
Eu sei que o mundo está superpopulado
Mais não há ninguém no meu quintal
Não sei se tenho o rei na barriga
Mais um frango não faz mal
Como vai você ? tudo bem?
Assistiu o futebol, áuuu!!!!
Podes crer, tudo bem, tudo,tudo, tudo isso, é melhor e não faz mal
Listen!
Sunshine, Sunshine!
Sunshine, Sunshine!
All right now!
Come on listen to me!
I wanna see, I wanna see the rays of the sunshine
I wanna see, I wanna see the rays of the sunshine
I wanna see, I wanna see the rays of the sunshine
Come on listen to me!
Yeah!
I wanna see, I wanna see the rays of the sunshine
I wanna see, I wanna see the rays of the sunshine


quarta-feira, 21 de março de 2012

A Cultura, via Educação, é o Caminho.

Adorno: S.A.

Por Ricardo Musse

Adorno rejeita peremptoriamente o modelo expositivo dos sistemas filosóficos. Recusa neles o idealismo implícito no propósito de construir uma “totalidade para a qual nada permanece exterior e todo e qualquer conteúdo se volatiza em pensamentos”.

Mas, sobretudo, considera-os como mera reiteração da razão burguesa, orientada pelo princípio da troca, que tende a tornar comensurável a si mesma e assimilar todo o existente.

O sistema não pode ser o norte da teoria, precisamente porque é práxis, porque é “nessa direção que se move o mundo administrado”. Se a reflexão pretende ir além daquilo “que está meramente presente, que é dado”, se tiver o seu impulso na crítica, na resistência, na negatividade, ela deve ter a liberdade de interpretar os fenômenos de forma desarmada. Ela deve ser, em suma, antissistemática.

Uma das entradas pela qual Adorno procura compreender o sistema capitalista consiste na atualização da dicotomia entre dinâmica e estática – conceitos propostos inicialmente por Auguste Comte e redefinidos por Karl Marx como uma dialética entre forças produtivas técnicas e relações sociais de produção.

No diagnóstico de Adorno, hoje “as relações de produção detêm a supremacia em relação às forças produtivas”. Inverte-se assim a previsão de Marx de que o ritmo do desenvolvimento técnico tenderia a implodir a sociedade petrificada.

A prevalência do estático, do sempre igual, no mundo administrado, não desmonta, no entanto, a pertinência da análise marxista do capitalismo.

Ao contrário, Adorno reafirma seus pontos essenciais: a crítica da dominação exercida por  meio do processo econômico; o protesto contra a opressão social tornada anônima (que caracteriza, valendo-se de uma frase de Nietzsche, como “nenhum pastor e um só rebanho”); a denúncia da reificação como fonte da ausência de liberdade (“os homens continuam não sendo senhores autônomos de sua vida; tal como no mito, esta decorre como destino”).

Adorno não considera superada nem mesmo a tão contestada teoria das classes sociais. As tentativas de refutação, adverte, partem em geral da suposição equivocada de que as classes são delimitadas no âmbito da consciência. A determinação objetiva assenta-se, no entanto, na sua posição no processo produtivo, na propriedade (ou na capacidade de dispor) dos meios de produção.

Uma vez que o próprio Marx concebeu a consciência de classe como um epifenômeno, a integração do proletariado nas sociedades industrializadas do Hemisfério Norte não indica que a classe tenha desaparecido.

Concorrência e hierarquia

No mundo contemporâneo, o processo de acumulação do capital – logo, a reprodução das classes sociais e das relações de propriedade – depende cada vez mais da administração do Estado, que opera como “capitalista total”.

Nesse cenário, “o estado de espírito fixado e manipulado torna-se um poder efetivo”: “A organização da sociedade impede, de um modo automático ou planejado, pela indústria cultural e da consciência, pelos monopólios de opinião, o conhecimento e a experiência dos mais ameaçadores acontecimentos, das ideias e teorias essencialmente críticas, paralisando a capacidade de imaginar concretamente o mundo de um modo diverso de como ele dominadoramente se apresenta àqueles por meio dos quais ele é constituído” (Adorno, “Capitalismo Tardio ou Sociedade Industrial?”).

Na economia capitalista planejada, convivem em contradição “o princípio tipicamente burguês da concorrência” e a “dominação direta” sob a forma de “hierarquias fechadas de tipo monopolar”.

A paradoxal coabitação de princípios antagônicos – cristalizando a relação, antes dinâmica, entre mercado e Estado, num contexto em que permanece indeterminada a prevalência da lógica econômica ou das diretrizes políticas – resulta da expansão do fenômeno que Marx destacou como matriz da sociabilidade burguesa: o fetichismo da mercadoria.

Adorno reitera assim o qualificativo que Marx atribuiu ao capitalismo – “sociedade do trabalho alienado” –, procurando examinar como a coisificação se alastra a partir da produção ciência como o inconsciente dos indivíduos, reificando não só o âmbito do processo de trabalho, mas também as atividades no tempo livre e, assim, a própria esfera da vida imediata.

A maior parte do tempo livre na sociedade capitalista é despendida no entretenimento, mais precisamente nas inúmeras formas de diversão proporcionadas pelos modernos meios de comunicação de massa.

A politização da arte, preconizada por Walter Benjamin nos anos 1930, frutificou, segundo Adorno, em outro registro, como um mecanismo de despolitização da sociedade. Com a emergência da indústria cultural, constitui-se uma nova forma de domínio e integração social, na qual as massas não configuram o elemento ativo, como Benjamin desejava, mas pura passividade.

Mundo administrado

Não se trata apenas do fato, já presente antes, de que as mercadorias culturais se orientam conforme as leis de valorização do capital, e não segundo seu “próprio conteúdo e figuração adequada”:

“As produções do espírito no estilo da indústria cultural não são mais também mercadorias, mas o são integralmente. Esse deslocamento é tão grande que suscita fenômenos inteiramente novos. A indústria cultural transforma-se em public relations, a saber, a fabricação de um simples assentimento, sem relação com os produtores ou objetos de venda particulares. Vai-se procurar o cliente para lhe vender um consentimento total e não crítico, faz-se propaganda do mundo existente, assim como cada produto da indústria cultural traz em si seu próprio marketing” (“A Indústria Cultural”).

Adorno contesta as justificativas mais corriqueiras (e plausíveis) da indústria cultural. Uma defesa objetiva não se sustenta porque a indústria cultural não resiste ao confronto com aquilo sob cujo disfarce se apresenta: a obra de arte.

Ela deturpa assim o próprio conceito de cultura. Subjetivamente, ela tampouco se legitima, pois o consentimento que alardeia reforça nos indivíduos apenas a autoridade e o conformismo.

O mundo administrado descrito por Adorno não se confunde, porém, com o “sistema total”, a sociedade sem brechas, aterrorizante, construída por George Orwell no romance 1984. Adorno conclui, por exemplo, sua conferência sobre o tempo livre destacando que os produtos da indústria cultural, que se apresentam de forma tão impositiva, não deixam de ser recebidos com algum grau de ceticismo:

“Se minha conclusão não é muito apressada, as pessoas aceitam e consomem o que a indústria cultural lhes oferece para o tempo livre, mas com um tipo de reserva, de forma semelhante à maneira como mesmo os mais ingênuos não consideram reais os episódios oferecidos pelo teatro e pelo cinema. Talvez mais ainda: não se acredita inteiramente neles. É evidente que ainda não se alcançou inteiramente a integração da consciência e do tempo livre. Os interesses reais do indivíduo ainda são suficientemente fortes para, dentro de certos limites, resistir à apreensão total” (“Tempo Livre”).

domingo, 19 de fevereiro de 2012

e nos dias de carnaval...um pouco de "minotaurolização"!

 
Belém


Por Luiz Mário de Melo e Silva 
Coord. do Fórum em Defesa do Meio Ambiente de Icoaraci (FDMAI)
luizmario_silva@yahoo.com.br / Tel.: 83636720Icoaraci – Belém – Pará.

Esta cidade só não é o inferno como o definem seus teóricos porque é necessário haver total consciência de seu significado, coisa que a grande maioria carece. Da mesma forma que não é o paraíso, sugerindo haver um meio termo onde os ocupantes dessa faixa (a grande maioria) é tratada como algo a flutuar n’água que vai e volta ao sabor das ondas.

Esse ambiente é moldado por duas correntes de pensamento que dominam o mundo, ou seja, o idealismo e o materialismo. A primeira, controlada pelas igrejas e a segunda, pelas instituições econômica-financeiras, respectivamente, que convivem harmoniosamente.

Por um lado, o grande número de entidades religiosas, dos mais variados matizes, tende a fazer de Belém uma réplica da Idade Média, onde o povo tinha como condutor um pastor (perdão pela rima), a interpretar (criar) a realidade de acordo com sua doutrina (interesse) religiosa – ainda que a Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana tentasse impedir tal ambiente.

Pela religiosidade emanada dessa situação, há de se imaginar que todos estão sentados ao lado direito do criador. Portanto, no paraíso celestial.

Porém, do outro lado, há o que se poderia pensar como o pior dos mundos, segundo a visão dos religiosos, ou seja, o ambiente secular, materialista, onde os homens têm que suar para, com o fruto do suor, purgar seus pecados e garantir a sua e a manutenção dos seus (o que significa dizer que o trabalho é a pena pelo pecado, ou de outra maneira, ao se darem o trabalho de pensar e se alimentar por si só, como fizeram Adão e Eva, segundo as Escrituras Sagradas, ambos cometeram o pecado da desobediência, logo, o trabalho é pecado – assunto a ser abordado oportunamente).

Esse mundo materialista é dominado pelo dinheiro que seria seu legítimo representante por fundir todo significado de materialismo em algo de fácil transporte, como são as cédulas que representam as variadas moedas de cada país. É o capitalismo imperando.

É interessante observar que em Belém se desenrola toda a História do capitalismo, desde seu surgimento ao total desenvolvimento. E nela estão contidas as fases do sistema econômico, iniciando com a economia comercial (feiras), passando pela economia industrial (indústrias) e a economia financeira ou especulativa (bancos).

Na primeira fase, o mercado informal se assemelha aos antigos burgos de onde se originaram os burgueses e está localizado (e por isso tende a chamar maior atenção) em torno dos “castelos” (que em certo sentido são as mais antigas instituições político-jurídico-administrativo) que fundaram a cidade, sendo o centro econômico que, para muitos, se parece ao mercado persa da antiguidade, ou indiano.

Isso torna a cidade caótica justamente porque a ida ao centro inicia com levas de pessoas e veículos de hora em hora, a partir de seis horas da manhã, até o acúmulo total de veículos naquele espaço e tem o refluxo, com todos tentando voltar ao mesmo tempo, por volta das 17:30hs. Isso se agrava pelo excessivo número de automóveis circulantes que aumenta exponencialmente em oposição ao de vias de escoamentos. Ou seja, a bagunça se deve à velha prática de seguir a elite. Dúvidas?

Quanto às indústrias (segunda fase), as áreas litorâneas são as mais utilizadas, como ocorre por toda orla de Belém, sobretudo no distrito industrial de Icoaraci num velho conceito de indústria que se utiliza desse meio de escoamento de seus produtos com a produção tendo como finalidade o mercado exterior, ficando a degradação (crime) ambiental provocada por esse tipo de atividade com o distrito, num total descalabro com a população e o ambiente do entorno dessas indústrias, praticadas pelos curtumes e fábrica de farinha de detritos de pescado, por exemplo, que estão sendo acionadas na justiça por haverem poluído e matado o Rio Piraíba.

No que se refere aos bancos (último estágio), só está faltando algo semelhante à bolsa de valores, porque, como demonstrado em matérias jornalísticas, a especulação financeira, via empréstimo consignado, sobretudo aos servidores públicos municipal, estadual e federal é algo sem paralelo na História. Aliás, isso parece garantir o Banco do Estado do Pará (BANPARÁ).

Essas correntes continuam vigorosas na disseminação de seus princípios, mantendo a população prisioneira, num círculo vicioso sem aparente tempo para acabar.

Ou seja, se há algo que explique o caos que assola Belém é importante, então, observar de modo acurado os meandros dessas correntes e daí extrair a interpretação que a cidade se equilibra sobre a superestrutura ideológica, onde cada qual possui o controle de metade da sociedade, numa parceria inédita na História, como observado por ocasião do período ciriano.

É de conhecimento geral que a burguesia solapou a condição de centro do mundo, posição ocupada pela da Igreja Católica Apostólica Romana, apeando-a do poder e assumindo seu lugar.

Ora, na disputa para a conquista e manutenção do poder, a ação da burguesia sobre a Igreja Católica seria motivo para isolá-la ou - quem sabe - eliminá-la, mas não é isso que se verifica e no período da quadra nazarena, torna-se claro a mais esdrúxula parceria. Nela os adversários mortais de ontem são os mais harmoniosos sócios atuais no empreendimento de manter o povo em cativeiro sem que ele perceba.
No período de peregrinação da “santinha” os representantes da igreja levam-na para abençoar e angariar apoio de todas as instituições econômica-financeiras nos níveis descritos anteriormente. Dois maiores representantes desse segmento da sociedade são a Vale e os bancos, o que torna pertinente a pergunta: como pode “alguém” abençoar e – por isso – desejar a manutenção no poder a quem o derrotou e tomou seu lugar?.
Alguém, fiel à doutrina cristã (justamente por isso) poderia afirmar que os inimigos devem ser perdoados, como ensinava Cristo aos seus seguidores que ao apanhar em uma das faces, em sinal de perdão, oferecesse a outra, selando a paz.

Seria isso que ocorre mundo afora, sobretudo em Belém sob a bênção da Virgem de Nazaré? Sendo assim, por que ambas correntes não conseguem convencer os belenenses a seguirem seus exemplos e comungar da paz, ao contrário do ambiente de desamor e guerra que paira por sobre a cidade? Talvez a ciência possa explicar esse bizarro fenômeno que, pelo que aqui ocorre em termos de violência, em geral, contrastando à paz selada entre os antes adversários, coloca-nos em destaque nacional e até mundial.

Aliás, ciência é algo que parece alheia à cidade, pois como pode um processo de evolução, de desenvolvimento com o uso dela (ciência) são ser perceptível para amparar o grosso da população? Sim, porque Belém, como capital de um estado riquíssimo, ainda padece de coisas que há muito deixaram de ocorrer em locais apoiados por essa magnífica “ferramenta” humana, como é a ciência, “crescendo como rabo de cavalo”, ou seja, para baixo, numa expressão do jornalista Lúcio Flávio Pinto?!

Ou será que se pratica pseudociência por estas bandas? Pois como pode o mundo correr para se adequar às “regras” da natureza enquanto Belém, ao contrário, busca um padrão arcaico de cidade, com o esgotamento das vias de transportes com o absurdo aumento de veículos circulando, com o escoamento das águas pluviais e domiciliares em esgotos a céu aberto sem o tratamento, para reaproveitamento do precioso líquido lançado neles etc?

Ou seja, encravada na região amazônica, Belém poderia ser referência, para o mundo, de cidade mais adaptada à natureza num claro entendimento que ciência é sua linguagem refinada e, portanto, se comportaria como produtora e praticante de conhecimentos novos a partir dessa condição e posição geográfica – coisa que não ocorre. E – o pior - a concepção que Belém “é a terra do já teve” tende a mantê-la como algo que não se desenvolve (ou não pretende tal coisa), pois tudo aquilo que é tido como perdido são coisa que nunca foram suas genuinamente, originais. São cópias impostas de culturas que não se sustentam justamente porque a matriz (colonizadora) dissemina concomitante a isso, certamente de maneira proposital, também a fraqueza de personalidade alimentada por um tipo de caráter que preza a subserviência, suficiente para fomentar a mentalidade saudosista, logo, escravista.

Assim, a ciência que poderia ser a diferença para sanar problemas históricos, se houver, tende a estar confinada em instituições que as aplica para a formação de uma mentalidade que tem por objetivo manter o status quo, fomentando uma cultura que desconhece as reais qualidades da região. Ou seja, não há pensamento crítico, o que produz uma pasmaceira, um estado de prostração bem observado pelo jornalista Lúcio Flávio Pinto (LFP).

Um excelente exemplo disso, seria a realidade (cultura) que rende culto a Minotauro que nada mais é que a valorização da pecuária em detrimento da piscicultura em uma enorme bacia hidrográfica e riquíssima fauna aquática que seria a base da produção de alimentos dos belenenses, em particular, e paraenses, em geral. Esse tipo de cultura é tão nociva que, ao invés de haver a valorização da produção e sobretudo o consumo de pescado, o que se vê é o aumento de áreas para pecuária bovina, com a alarmante relação de cerca de 3 cabeças de gado para cada habitante do estado e onde rios são aterrados para construção de pastos, numa profunda desconsideração com as características amazônicas, as quais o belenense certamente é fiel depositário - característica escamoteada por algo incorporado como folclore da região, como o Boi Bumbá, por exemplo, o mais destacado representante da “minotaurocultura”, o que deveria ser observado (e ter seu impacto minorado, pelo menos) pelas cabeças ditas pensantes e consideradas paraenses da gema, concentradas na capital, mas que, infelizmente, não acontece, fazendo com que Belém permaneça resignadamente na faixa intermediária, como citado anteriormente, ao invés de superá-la e sugerindo também que todo conhecimento (ciência) é refém e está a serviço da igreja e do capitalismo na divulgação de suas ideologias.

É por isso que em Belém, rumo aos 400 anos, se assiste a agressão e ameaça de morte a quem torna público a verdade, ocorrido com LFP; onde criança com cerca de dez inocentes primaveras é acusada de seduzir e se aproveitar de adulto com idade superior cerca de cinco vezes a sua, com sólida carreira empresarial e formação superior, além de experiente político profissional; onde logradouro público deixa de ser homenagem a personalidade da terrinha, como no caso da ex-av. “Dálcídio Jurandir”, inaugurada no governo de Ana Júlia Carepa, para homenagear algo que vem de fora; onde a maior autoridade municipal, atualmente, foi um falso médico, sugerindo que ela (Belém) se assemelha a um risível protótipo do nada, por se situar entre o céu e o inferno, ainda que seus supostos frequentadores não possuam discernimento suficiente para não se deixar dominar por tais ficções que servem a seus supostos líderes, cada qual caridosos com os seus. Caridade, que, aliás, situa-se (e nutre-se) entre a miséria e a hipocrisia.