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"Não é o bastante ver que um jardim é bonito sem ter que acreditar também que há fadas escondidas nele?"
(Douglas Adams, 1952-2001)

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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Natureza (Água)

Água

Decorrido o dia destinado a lembrar a importância da Água, o que mais se viu foi algo parecido à pura pirotecnia; primeiro, porque em ano eleitoral a coisa não poderia ser diferente; e, segundo, tudo é tratado como mercadoria onde o marquetingue prevalece, afinal, a propaganda é a alma do negócio.

Neste sentido, nota-se que a atenção dada a Água é a de que ela tenda a ser algo comercializável, ainda que nos discursos a coisa seja diferente, até porque é heresia considerar que o que se tem como valor não pode ser determinado senão pelo deus (?) mercado, daí a necessidade de tornar os eventos (alguns festivos) passageiros para não despertar a intenção de ter a Água como artigo à venda, que vai se tornando artigo de luxo, e não algo que seja de todos, sem exceção.


Todavia, é imperioso enfatizar esse estado de coisas que se aprofunda pela dificuldade que tem o ser humano em reconhecer a relação intrínseca não só com a Água, mas com a Natureza em sua totalidade, agravado pelo fato de ser terrestre.

Se aquilo que lhe está próximo não é tratado com o devido respeito, como por exemplo, a Terra (em sentido amplo) sobre a qual caminha e registra sua História, como poderia ser diferente ao que se acha "distante" e com outra consistência? E o que é pior: com a infeliz idéia de sentir-se superior e, portanto, controlador de tudo, arvorando-se no direito de destruir visando a manutenção da ordem capitalista que se encontra em "crise estrutural, trazendo consigo a ameaça, assim como a desconsideração prática irracionalista, até mesmo às mais elementares condições de vida humana sustentável neste planeta", segundo István Mészáros.

Por haver em abundância a Água tende a ser confundida com o óbvio e exatamente por isso ela é mais difícil de ser percebida como um dos elementos vitais para a existência da vida, pela grande maioria da população mundial, que parece lembrar-se dela só quando lhe falta ou quando é manipulada no sentido de granjear votos dos desavisados. Aliás, em meio a abundância, é a Água potável tanto desperdiçada que começa a rarear para uma considerável parcela da população mundial, segundo as estatísticas, embora a maior parte do globo terrestre seja de Água.

A Água não pode ser vista apenas como mercadoria e nem indiferente à condição natural do homem. Ao contrário, observando as comunidades ribeirinhas têm-se que a vida "mediada" pelo chão firme e o rio (o primeiro com variados elementos; e o segundo, com sua peculiaridades, respectivamente) capacita o homem a uma compreensão mais rica da Natureza - logo, de si mesmo – manifestada na índole receptiva, acolhedora - num espaço sem cercas e onde a dimensão humana se confunde com o todo - e, portanto, harmoniosa para com quem os visita. E a negação disso certamente leva a um distanciamento que acabará por tornar a Água propriedade privada de alguns poucos, em detrimento da maioria. Por isso, antes que seja "demasiado tarde", como ensina Caim (José Saramago), façamos, não só da Água, mas da Natureza, o norte para nossas vidas.

Autor: Luiz Mário de Melo e Silva
e-mail: luizmario_silva@yahoo.com.br
Coord. do Fórum em Defesa do Meio Ambiente de Icoaraci (FDMAI)
Foto: C. J. S. Lima
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