Algumas reportagens com o jornalista do Mundo Amazônico, Lúcio Flávio Pinto.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Cientificidade
Guerra de ciências
A questão ambiental tem proporcionado um fenômeno curioso, demonstrando que estamos vivendo um período de transição. O fato é a “guerra entre ciências”, onde cada uma delas procura convencer a opinião pública sobre a sua validade, denotando outros tempos; e muito do que foi utilizado anteriormente talvez já não tenha serventia no atual contexto, embora muitos argumentos, influenciados por incentivos financeiros, tendem a se apresentar como os mais viáveis, daí sua capacidade de convencimento.
Estes se valem da idéia de desenvolvimento econômico para desdenhar de toda opinião contrária, escondendo, porém, que a obtenção do lucro a todo custo é o objetivo e não o bem-estar social, sobretudo a preservação da natureza. A outra opinião, embora não seja totalmente contrária ao desenvolvimento, se opõe por entender que a Natureza não pode, por conta do consumismo sem fim, ser explorada de modo extravagante.
A primeira tem por base a ciência econômica capitalista, que, como todos sabem, trabalha com o dogma de que o homem é um ser desejoso - e por isso insaciável -, além do que a grande maioria de suas regras se estabeleceu sob a força das armas (vide a imposição do dólar como moeda mundial, após o uso de duas bombas atômicas sobre cidades japonesas quando a 2ª Guerra Mundial estava “tecnicamente” encerrada, para ficarmos apenas num exemplo), ensejando uma ciência coercitiva. Seria isto possível? Bem, a falta de espaço remete o tema à próxima oportunidade.
Já a segunda, se vale de experiências que não cabem nas vitrinas, tampouco satisfazem o consumismo para se justificar. E tem como exemplo a Amazônia, que, é o que é justamente por ficar alheia ou - de modo prático – nunca ter tido o uso da ciência que devastou outros biomas, sendo, talvez, por isso, a soma de todos os biomas.
E embora o assunto seja planetário e os exemplos infinitos para descrever a questão, a construção da Hidrelétrica de Belo Monte (HBM), na região amazônica, é um excelente exemplo de como alguns argumentos são amazonicamente equivocados.
Isto pode ser observado, entre outras, na opinião do sr. Nagib Charone Filho, engenheiro civil e professor da UFPA, onde, por ocasião do artigo “O Buldogue de Darwin e o debate de Belo Monte” (O Liberal, 21/02/2010), é, segundo o autor, demonstrado que os opositores da HBM “tentam demolir os fatos científicos com argumentos fictícios, com sofismas, retóricas vazias e escorregadias”. O texto expõe a comparação da atitude do zoólogo e antropólogo Thomas Henry Huxley, amigo Darwin e defensor canino de sua teoria em debate com o bispo anglicano, Samuel Wilberforce, e sugere que os defensores da HBM se assemelham a Huxley, o “Buldogue de Darwin”, como este ficou conhecido pelos seus pares e alunos, “tendo em vista a veemência com que se punha a frente de Darwin, suprindo os argumentos e o desassombro que o amigo não tinha”.
O que o profº esquece (como muitos de seus simpatizantes) é que a “teoria da evolução pela seleção natural”, apresentada no livro “Origem das Espécies”, na Inglaterra, em 1859, de Charles Darwin, era uma novidade à época e, como tal, seria a base de um novo ramo da ciência, algo que não ocorre com os projetos que tendem a ser impostos à região amazônica, e, que, numa comparação sorrateira com o ocorrido com Huxley, imagina ser o melhor para definir a posição das “viúvas da tardia Revolução Industrial”, chegada a Amazônia.
A confusão gerada deste argumento, certamente visa apenas a manutenção do capitalismo, fantasiado de novidade. O curioso, e aí poderia estar a novidade, é quanto a um professor de uma Universidade incrustada na Amazônia não “perceber” que os tempos mudam, assim como demonstrou o lançamento da referida obra, e que outras fontes de energia, como a eólica e a solar, por exemplo, seriam, estas, sim, o novo para a região, bem como adequadas para tentar conter a degradação da Natureza.
Ora, e o que propõe o segundo grupo, senão justamente o novo, algo semelhante ao apresentado em 1859? E não o que o professor afirma, pois a Natureza nunca teve tanto a atenção merecida como agora por ocasião da real possibilidade de exaustão de seus recursos, logo, da vida, como ocorreu à várias espécies; e por isso “reclama” o uso de um de seus subprodutos, a inteligência, contra o falso argumento do bem-estar geral que esconde o objetivo nefando do capitalismo. E a Amazônia é o que é – repita-se! - por se haver à margem da ciência do centro, sobretudo a capitalista, o que não a impediu de engendrar sua própria ciência, apresentando-a agora como novidade para o mundo.
Portanto, são os defensores de uma nova visão de mundo (um novo ramo da ciência num outro mundo possível) que mais se assemelham ao “Buldogue de Darwin” e não o contrário, como quer fazer crer o citado professor, para quem, talvez, a ciência coercitiva (?) capitalista com seu processo alienante (segundo Karl Marx) deva prevalecer.
E para levá-la adiante basta que os amazônidas da cidade usem de sua inteligência para “investir no conhecimento dos nacionais sobre sua própria riqueza, ao invés de ir atrás do bloco da conspiração e da fantasmagoria. Ao meio-dia” (Lúcio Flávio Pinto, em seu artigo “Água pirateada”, no Jornal Pessoal), fazendo disto a arma em defesa da ciência da Amazônia, porque os da mata, da beira dos rios etc, já a praticam muito antes da outra ciência, sem nunca terem saído de seu torrão e imposto seus conhecimentos e saberes a outros povos - mas que, se necessário for, não devem hesitar em fazê-lo, jamais.
Autor: Luiz Mário de Melo e Silva;
e-mail: luizmario_silva@yahoo.com.brEstes se valem da idéia de desenvolvimento econômico para desdenhar de toda opinião contrária, escondendo, porém, que a obtenção do lucro a todo custo é o objetivo e não o bem-estar social, sobretudo a preservação da natureza. A outra opinião, embora não seja totalmente contrária ao desenvolvimento, se opõe por entender que a Natureza não pode, por conta do consumismo sem fim, ser explorada de modo extravagante.
A primeira tem por base a ciência econômica capitalista, que, como todos sabem, trabalha com o dogma de que o homem é um ser desejoso - e por isso insaciável -, além do que a grande maioria de suas regras se estabeleceu sob a força das armas (vide a imposição do dólar como moeda mundial, após o uso de duas bombas atômicas sobre cidades japonesas quando a 2ª Guerra Mundial estava “tecnicamente” encerrada, para ficarmos apenas num exemplo), ensejando uma ciência coercitiva. Seria isto possível? Bem, a falta de espaço remete o tema à próxima oportunidade.
Já a segunda, se vale de experiências que não cabem nas vitrinas, tampouco satisfazem o consumismo para se justificar. E tem como exemplo a Amazônia, que, é o que é justamente por ficar alheia ou - de modo prático – nunca ter tido o uso da ciência que devastou outros biomas, sendo, talvez, por isso, a soma de todos os biomas.
E embora o assunto seja planetário e os exemplos infinitos para descrever a questão, a construção da Hidrelétrica de Belo Monte (HBM), na região amazônica, é um excelente exemplo de como alguns argumentos são amazonicamente equivocados.
Isto pode ser observado, entre outras, na opinião do sr. Nagib Charone Filho, engenheiro civil e professor da UFPA, onde, por ocasião do artigo “O Buldogue de Darwin e o debate de Belo Monte” (O Liberal, 21/02/2010), é, segundo o autor, demonstrado que os opositores da HBM “tentam demolir os fatos científicos com argumentos fictícios, com sofismas, retóricas vazias e escorregadias”. O texto expõe a comparação da atitude do zoólogo e antropólogo Thomas Henry Huxley, amigo Darwin e defensor canino de sua teoria em debate com o bispo anglicano, Samuel Wilberforce, e sugere que os defensores da HBM se assemelham a Huxley, o “Buldogue de Darwin”, como este ficou conhecido pelos seus pares e alunos, “tendo em vista a veemência com que se punha a frente de Darwin, suprindo os argumentos e o desassombro que o amigo não tinha”.
O que o profº esquece (como muitos de seus simpatizantes) é que a “teoria da evolução pela seleção natural”, apresentada no livro “Origem das Espécies”, na Inglaterra, em 1859, de Charles Darwin, era uma novidade à época e, como tal, seria a base de um novo ramo da ciência, algo que não ocorre com os projetos que tendem a ser impostos à região amazônica, e, que, numa comparação sorrateira com o ocorrido com Huxley, imagina ser o melhor para definir a posição das “viúvas da tardia Revolução Industrial”, chegada a Amazônia.
A confusão gerada deste argumento, certamente visa apenas a manutenção do capitalismo, fantasiado de novidade. O curioso, e aí poderia estar a novidade, é quanto a um professor de uma Universidade incrustada na Amazônia não “perceber” que os tempos mudam, assim como demonstrou o lançamento da referida obra, e que outras fontes de energia, como a eólica e a solar, por exemplo, seriam, estas, sim, o novo para a região, bem como adequadas para tentar conter a degradação da Natureza.
Ora, e o que propõe o segundo grupo, senão justamente o novo, algo semelhante ao apresentado em 1859? E não o que o professor afirma, pois a Natureza nunca teve tanto a atenção merecida como agora por ocasião da real possibilidade de exaustão de seus recursos, logo, da vida, como ocorreu à várias espécies; e por isso “reclama” o uso de um de seus subprodutos, a inteligência, contra o falso argumento do bem-estar geral que esconde o objetivo nefando do capitalismo. E a Amazônia é o que é – repita-se! - por se haver à margem da ciência do centro, sobretudo a capitalista, o que não a impediu de engendrar sua própria ciência, apresentando-a agora como novidade para o mundo.
Portanto, são os defensores de uma nova visão de mundo (um novo ramo da ciência num outro mundo possível) que mais se assemelham ao “Buldogue de Darwin” e não o contrário, como quer fazer crer o citado professor, para quem, talvez, a ciência coercitiva (?) capitalista com seu processo alienante (segundo Karl Marx) deva prevalecer.
E para levá-la adiante basta que os amazônidas da cidade usem de sua inteligência para “investir no conhecimento dos nacionais sobre sua própria riqueza, ao invés de ir atrás do bloco da conspiração e da fantasmagoria. Ao meio-dia” (Lúcio Flávio Pinto, em seu artigo “Água pirateada”, no Jornal Pessoal), fazendo disto a arma em defesa da ciência da Amazônia, porque os da mata, da beira dos rios etc, já a praticam muito antes da outra ciência, sem nunca terem saído de seu torrão e imposto seus conhecimentos e saberes a outros povos - mas que, se necessário for, não devem hesitar em fazê-lo, jamais.
Autor: Luiz Mário de Melo e Silva;
Coord. do Fórum em Defesa do Meio Ambiente de Icoaraci (FDMAI) (Icoaraci – Belém – Pará)
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A referida matéria de "O Liberal" que o autor se refere é esta (clique na imagem para ampliar):
segunda-feira, 19 de abril de 2010
A História do Número 1
Documentário muito esclarecedor sobre o número 1. Uma abordagem de como o conhecimento pode ser maravilhoso e ao mesmo tempo usado para dominação.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Brega S/A
Documentário sobre o Verdadeiro Brega do Brasil, o Paraense, e todas as suas vertentes, positivas ou negativas. A força que vem da massa!.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Natureza (Oikos)
Ecologia e Economia: “Tão Perto, tão longe...”
Será que Ecologia e Economia são realmente opostas? Quando uma empresa traça suas metas de produção são somente os fatores econômicos que norteiam as decisões e as considerações ecológicas não são considerados?
Etimologicamente as palavras Ecologia e Economia derivam do grego oikos no sentido de casa. Ao passo que logos significa estudo e nomia significa manejo ou gerenciamento. Portanto, Ecologia, segundo Odum (1988)[1], pode ser entendida, de maneira geral, como o estudo do “lugar onde se vive”, ou seja, como se dá as relações dos organismos entre si e destes com seu ambiente (ou meio ambiente). Economia entende-se com o “manejo da casa”. Portanto, nada mais natural que as duas disciplinas caminhem juntas e os conhecimentos de uma sejam utilizados pela outra em uma promiscuidade científica.
O ponto alto dessa união ou a confirmação dessa relação foi o surgimento da chamada Biologia da Conservação (magistério que reúne conhecimentos de varias áreas no combate à crise da biodiversidade). As disciplinas tradicionais não eram abrangentes o suficiente para tratar das sérias ameaças à biodiversidade (herança cartesiana?). Porém essas mesmas disciplinas foram essenciais para o surgimento da biologia da conservação. Por exemplo, agricultura, desenvolvimento comunitário, manejo de unidades de conservação, gerenciamento de recursos pesqueiros, etc, são disciplinas que tratam do gerenciamento de recursos naturais e quando trouxeram a experiência de campo e o desenvolvimento de pesquisa para magistérios essencialmente de história natural como Antropologia, Biogeografia, Ecologia de comunidades, Ecologia de Ecossistemas, Genética, Taxonomia, etc, as quais com suas novas idéias e enfoques acarretaram no surgimento da Biologia da Conservação.
Mas, e a Economia onde se encaixa especificamente? O sistema da atualidade é denominado algumas vezes como “lucrocêntrico”, ou seja, está baseado no lucro e na acumulação de capital. A degradação ambiental ocorre por razões econômicas: florestas são desmatadas para produzir lucros com a venda de madeira; espécies são caçadas para comércio e lazer; terras devolutas são convertidas em terras produtivas (novas fazendas); espécies são introduzidas em novos habitats (acidental ou propositadamente) sem consideração com o resultado ambiental. Como, frequentemente, as causas dos danos ambientais são de origem econômica as soluções ambientais devem incorporar princípios econômicos. É nesse paradigma que o conceito de desenvolvimento sustentado[2] foi elaborado.
Especificamente no Brasil, a legislação é bastante enfática e avançada às questões ambientais. A constituição federal possui um capítulo exclusivo sobre o meio ambiente (Capítulo VI, artigo 225), além dos incisos VI e VII do artigo 23 onde as responsabilidades do Estado em relação ao meio ambiente já haviam sido definidas[3]. Pode-se até considerar que a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) é um grande marco na legislação ambiental, apesar de ser anterior a Constituição, suas últimas modificações são do ano 2000.
Portanto, todo projeto ambiental são calculados em forma de avaliação de impacto ambiental, falam-se de análise custo-benefício, valores econômicos diretos (àqueles que são diretamente colhidos e usados pelas pessoas), valor de existência, valor de consumo (relativo às mercadorias que são consumidas internamente), valor produtivo (àqueles que são vendidos em mercados), valor econômico indireto (benefícios econômicos de processos e serviços dos ecossistemas preservados), a maioria comuns para os especialistas das áreas econômicas, mas não aos olhos dos ecólogos.
Enfim, uma interação bastante imediata e facilmente detectada, mas, infelizmente, a história nos mostra que não é bem assim.
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Referências
[1] Eugene P. Odum. 1988. Ecologia.
[2] Aquele que atende as necessidades humanas do presente sem comprometer as comunidades naturais e as necessidades das futuras gerações.
[3] Constituição da Republica Federativa do Brasil:
Artigo 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;
Artigo 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.------------------------------------------------------------
Autor: Paulo Guilherme Pinheiro
e-mail: pauloguilhermez@yahoo.com.br
Etimologicamente as palavras Ecologia e Economia derivam do grego oikos no sentido de casa. Ao passo que logos significa estudo e nomia significa manejo ou gerenciamento. Portanto, Ecologia, segundo Odum (1988)[1], pode ser entendida, de maneira geral, como o estudo do “lugar onde se vive”, ou seja, como se dá as relações dos organismos entre si e destes com seu ambiente (ou meio ambiente). Economia entende-se com o “manejo da casa”. Portanto, nada mais natural que as duas disciplinas caminhem juntas e os conhecimentos de uma sejam utilizados pela outra em uma promiscuidade científica.
O ponto alto dessa união ou a confirmação dessa relação foi o surgimento da chamada Biologia da Conservação (magistério que reúne conhecimentos de varias áreas no combate à crise da biodiversidade). As disciplinas tradicionais não eram abrangentes o suficiente para tratar das sérias ameaças à biodiversidade (herança cartesiana?). Porém essas mesmas disciplinas foram essenciais para o surgimento da biologia da conservação. Por exemplo, agricultura, desenvolvimento comunitário, manejo de unidades de conservação, gerenciamento de recursos pesqueiros, etc, são disciplinas que tratam do gerenciamento de recursos naturais e quando trouxeram a experiência de campo e o desenvolvimento de pesquisa para magistérios essencialmente de história natural como Antropologia, Biogeografia, Ecologia de comunidades, Ecologia de Ecossistemas, Genética, Taxonomia, etc, as quais com suas novas idéias e enfoques acarretaram no surgimento da Biologia da Conservação.
Mas, e a Economia onde se encaixa especificamente? O sistema da atualidade é denominado algumas vezes como “lucrocêntrico”, ou seja, está baseado no lucro e na acumulação de capital. A degradação ambiental ocorre por razões econômicas: florestas são desmatadas para produzir lucros com a venda de madeira; espécies são caçadas para comércio e lazer; terras devolutas são convertidas em terras produtivas (novas fazendas); espécies são introduzidas em novos habitats (acidental ou propositadamente) sem consideração com o resultado ambiental. Como, frequentemente, as causas dos danos ambientais são de origem econômica as soluções ambientais devem incorporar princípios econômicos. É nesse paradigma que o conceito de desenvolvimento sustentado[2] foi elaborado.
Especificamente no Brasil, a legislação é bastante enfática e avançada às questões ambientais. A constituição federal possui um capítulo exclusivo sobre o meio ambiente (Capítulo VI, artigo 225), além dos incisos VI e VII do artigo 23 onde as responsabilidades do Estado em relação ao meio ambiente já haviam sido definidas[3]. Pode-se até considerar que a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) é um grande marco na legislação ambiental, apesar de ser anterior a Constituição, suas últimas modificações são do ano 2000.
Portanto, todo projeto ambiental são calculados em forma de avaliação de impacto ambiental, falam-se de análise custo-benefício, valores econômicos diretos (àqueles que são diretamente colhidos e usados pelas pessoas), valor de existência, valor de consumo (relativo às mercadorias que são consumidas internamente), valor produtivo (àqueles que são vendidos em mercados), valor econômico indireto (benefícios econômicos de processos e serviços dos ecossistemas preservados), a maioria comuns para os especialistas das áreas econômicas, mas não aos olhos dos ecólogos.
Enfim, uma interação bastante imediata e facilmente detectada, mas, infelizmente, a história nos mostra que não é bem assim.
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Referências
[1] Eugene P. Odum. 1988. Ecologia.
[2] Aquele que atende as necessidades humanas do presente sem comprometer as comunidades naturais e as necessidades das futuras gerações.
[3] Constituição da Republica Federativa do Brasil:
Artigo 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;
Artigo 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.------------------------------------------------------------
Autor: Paulo Guilherme Pinheiro
e-mail: pauloguilhermez@yahoo.com.br
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Natureza (Água)
Água
Decorrido o dia destinado a lembrar a importância da Água, o que mais se viu foi algo parecido à pura pirotecnia; primeiro, porque em ano eleitoral a coisa não poderia ser diferente; e, segundo, tudo é tratado como mercadoria onde o marquetingue prevalece, afinal, a propaganda é a alma do negócio.
Neste sentido, nota-se que a atenção dada a Água é a de que ela tenda a ser algo comercializável, ainda que nos discursos a coisa seja diferente, até porque é heresia considerar que o que se tem como valor não pode ser determinado senão pelo deus (?) mercado, daí a necessidade de tornar os eventos (alguns festivos) passageiros para não despertar a intenção de ter a Água como artigo à venda, que vai se tornando artigo de luxo, e não algo que seja de todos, sem exceção.
Todavia, é imperioso enfatizar esse estado de coisas que se aprofunda pela dificuldade que tem o ser humano em reconhecer a relação intrínseca não só com a Água, mas com a Natureza em sua totalidade, agravado pelo fato de ser terrestre.
Se aquilo que lhe está próximo não é tratado com o devido respeito, como por exemplo, a Terra (em sentido amplo) sobre a qual caminha e registra sua História, como poderia ser diferente ao que se acha "distante" e com outra consistência? E o que é pior: com a infeliz idéia de sentir-se superior e, portanto, controlador de tudo, arvorando-se no direito de destruir visando a manutenção da ordem capitalista que se encontra em "crise estrutural, trazendo consigo a ameaça, assim como a desconsideração prática irracionalista, até mesmo às mais elementares condições de vida humana sustentável neste planeta", segundo István Mészáros.
Por haver em abundância a Água tende a ser confundida com o óbvio e exatamente por isso ela é mais difícil de ser percebida como um dos elementos vitais para a existência da vida, pela grande maioria da população mundial, que parece lembrar-se dela só quando lhe falta ou quando é manipulada no sentido de granjear votos dos desavisados. Aliás, em meio a abundância, é a Água potável tanto desperdiçada que começa a rarear para uma considerável parcela da população mundial, segundo as estatísticas, embora a maior parte do globo terrestre seja de Água.
A Água não pode ser vista apenas como mercadoria e nem indiferente à condição natural do homem. Ao contrário, observando as comunidades ribeirinhas têm-se que a vida "mediada" pelo chão firme e o rio (o primeiro com variados elementos; e o segundo, com sua peculiaridades, respectivamente) capacita o homem a uma compreensão mais rica da Natureza - logo, de si mesmo – manifestada na índole receptiva, acolhedora - num espaço sem cercas e onde a dimensão humana se confunde com o todo - e, portanto, harmoniosa para com quem os visita. E a negação disso certamente leva a um distanciamento que acabará por tornar a Água propriedade privada de alguns poucos, em detrimento da maioria. Por isso, antes que seja "demasiado tarde", como ensina Caim (José Saramago), façamos, não só da Água, mas da Natureza, o norte para nossas vidas.
Autor: Luiz Mário de Melo e Silva
e-mail: luizmario_silva@yahoo.com.br
Coord. do Fórum em Defesa do Meio Ambiente de Icoaraci (FDMAI)
Foto: C. J. S. Lima
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