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"Não é o bastante ver que um jardim é bonito sem ter que acreditar também que há fadas escondidas nele?"
(Douglas Adams, 1952-2001)

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Com muito Amor...


As Vadias
Por Luiz Mário de Melo e Silva 
Coord. do Fórum em Defesa do Meio Ambiente de Icoaraci (FDMAI)
Icoaraci – Belém – Pará.

A humanidade deve sua existência a uma vadia. E que Vadia!, que jamais se submeterá a alguém. Aliás, a tentativa de imposição dessa proposta tem levado a humanidade a sofrer as maiores tragédias de que se tem notícia, coisa que tende a mudar, para a felicidade geral.

A Vadia em questão é a natureza que, na sua vadiagem, deu a luz a quem pretende ser seu algoz e sua porta-voz é a mulher, que, semelhante à vadia-mor, tem vivido as mesmas situações. Na verdade, não há distinções e todas acabam por serem una quando se observa, sobretudo, a capacidade de decidir sobre a vida.

Quem assistiu a Marcha das Vadias ocorrida em Belém, no dia 28/08/10, certamente ficou impressionado e não teve como ficar impassível diante do que se passava, pois as mulheres que ali estavam mostravam uma desenvoltura assustadoramente saudável quando se reflete sobre o que traziam  - e pretendem - seus olhares, gestos, cantos, discursos e palavras de ordem, sobretudo a que dizia “Se o papa fosse mulher o aborto seria legal!, seria legal, seria legal!”. Entre tudo que ocorreu, isso talvez fosse o que mais chamou a atenção.

A palavra era entoada com uma fúria que arrepiava qualquer um, ainda mais se comparada à força da mãe natureza quando se manifesta aos homens através de fenômenos de todos conhecidos.

Também, não era para menos, pois, assim como a natureza sempre foi escamoteada e com isso oprimida, as mulheres, também, historicamente são vítimas de abusos de toda ordem, sejam eles físico, psicológico e ideológico impostos, infelizmente, pela moral masculina - diga-se -, que começa a ser contraditada pela  bagunça que se assiste mundo afora, justamente organizado pelo costume imposto pelos homens – algo inteligentemente percebido pelas feministas quando definem que “a objetividade é a subjetividade masculina”.

Pois o brado em questão, se bem pensado, remete a ideia de liberdade que todos almejam, algo que é inerente tanto à natureza quanto ao ser humano, o que, aliás,  tende a explicar o que se entende por  “natureza” humana em sua mais peculiar característica, haja vista que na primeira a liberdade é total enquanto que na segunda tal pensamento se acha condicionado pela moral – coisa que as mulheres têm tentado superar ao longo dos tempos, embora pareçam não serem atendidas em sua reivindicação.

Aliás, outra coisa em que as mulheres foram muitíssimo felizes foi o fato de não  terem dado à marcha a conotação de algo sexista, pois em consonância com a natureza, que não discrimina ninguém e, ao contrário, nivela a todos e todas ao mesmo grau de importância, e por causa disso fez com que conquistassem mentes e corações de muitos homens ali presentes, ainda que fosse namorados, maridos, amantes ou simplesmente simpatizantes, numa simbiose maravilhosa, onde talvez aqueles homens também se sentissem oprimidos por uma condição que não fora elaborada por eles e acompanhando-as pudessem se sentir um pouco mais livres.

Daí, que venham as Vadias. Pois que, sendo as culpadas pela perda do paraíso, proporcionaram, ainda que com seus sofrimentos, a condição para que a humanidade possa fazer uso da inteligência para alcançar a liberdade, atributos da Vadia maior, tão bem representada pelas mulheres, em sua condição de parideiras (ou não) de algum suposto salvador – coisa que a natureza não tá nem aí. 

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