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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

por um Anarquismo Amazônida...


Anarquia em relevo

Por Luiz Mário de Melo e Silva

Coord. do Fórum em Defesa do Meio Ambiente de Icoaraci  (FDMAI)

luizmario_silva@yahoo.com.br / Tel.: 83636720

Icoaraci – Belém – Pará.


No dia 07/09, comemorando o dia da independência, o país  foi  tomado por uma série de protestos, sobretudo contra a corrupção. Em Belém, o movimento "Xingu Vivo",  expôs sua contrariedade à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (UHBM), no Rio Xingu, em Altamira-Pa, além de combater a corrupção.

Se os protestos foram no sentido de garantir e valorizar a res publica, ou coisa pública, por que, então, a aparente contradição entre a defesa e a crítica à coisa pública?

Ora, porque há muito a republica deixou de ser – se é que algum dia o foi – do público, porque o que aí está é privado, particular apossado como foi por meio da corrupção e o autoritarismo do governo, quanto da imposição da UHBM.

Para que isso ocorra, instala-se a anarquia organizada por meio da educação alienante que tem a população como alvo de manipulação e domínio, com a falsa idéia de liberdade para a livre manifestação. Como se vê, tanto a anarquia quanto a república são falsificações – grosseiras, diga-se.

Mas isso não passou despercebido e os autênticos anarquistas reivindicaram, e reivindicarão sempre, o compromisso de fazer valer a verdadeira liberdade ao confrontarem a república instalada no centro da praça com o mesmo nome.

A expressão “VIVA À REVOLUÇÃO SOCIAL” e o símbolo anarquista, escritos sobre o monumento central da praça demonstra o choque entre o que está carcomido pelo tempo e a urgência de mudança em um ambiente que não comporta mais um estado de coisas que beneficia alguns poucos em detrimento da grande maioria - algo só possível porque a população, numa anarquia organizada, é levada a viver  em permanente confronto com os seus iguais, enquanto aqueles que se dizem os responsáveis pela manutenção do bem-estar social só têm olhos para o seu próprio.


Segundo consta nos jornais, a atitude de confrontar a república tinha como alvo “o corte de verba da educação”, como repudiou um manifestante libertário , através da ação e pensamento revolucionários. Pois para uma república corrompida e opressora a valorização da educação não pode ser motivo de liberdade tanto individual quanto coletiva, sob pena de ser letal para os planos de manutenção do status quo.

Mas, como “o que é sólido desmancha no ar”, segundo escreveu Karl Marx, a república que se assiste tem seus dias contados por se sustentar em uma base apodrecida, como é o capitalismo, que vem dando mostra mundo afora de seu esgotamento.

Aliás, só não houve ainda o funeral porque o moribundo assenta-se sobre zumbis moldados pelos educadores “coveiros de sonhos”, estes exímios em desviar a atenção da população sobre a falência em que se encontra a sociedade capitalista, pois se seu cerne (o capitalismo) for colocado sob as lentes da rigorosa ciência (e não a tutelada como ocorreu desde a aliança entre burguesia e ciência, na Idade Média, para combater o poder da Igreja Católica Apostólica Romana, assunto a ser tratado em momento oportuno)  ambos já não se sustentam - o que ainda ocorre porque a pseudociência (fomentada pela veste da educação alienante) empana a percepção de que já não há dinâmica no capitalismo. Até porque atingiu seus limites que são por um lado a economia financeira, ou especulativa, último estágio e, por outro, o mercado que, com a globalização, não há mais para onde expandir (a menos que surgisse outro mercado entre os animais, coisa não de todo impossível nestes tempos de alienação), permanecendo em estado de oscilação constante como se evolução fosse, iludindo, então, incautos num processo de idiotização da humanidade.

Daí que, mais que uma atitude de “vandalismo”, como pretende a falsa república com sua ideologia e o falso anarquismo (logo, sua idéia de vandalismo é falsa) a mascarar o crepúsculo de uma era, com ídolos com pés de barro, a frase com o sentido que a ensejou, sob os pés da estátua de uma criança - símbolo do novo – é, ao contrário, o que mais se apresenta de vigor, num porvir contra a corrupção e o autoritarismo, haja vista que a corrupção e a UHBM são mortes, consequências de uma sociedade decadente e em desespero. E o anarquismo é liberdade, é vida, sobretudo a partir do solo amazônico onde ocorreu o fato em questão. 

Pois, bem como para o amor e para a vida, também para o verdadeiro anarquismo, não existe o futuro. O amanhã é agora, já!

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