Democracia para quem?
Há bastante tempo, os políticos profissionais têm enfiado goela abaixo do povo a ideia de democracia como sendo o governo do povo, pelo povo e para o povo, já que, segundo eles, democracia deriva de demo (povo) + cracia (governo), embora uma observação mais acurada não confirme isso.
Aliás, a prática da política profissional neste País demonstra perfeitamente o que vem a ser democracia, ou seja, a vontade de uma minoria sobre a maioria, pois onde já se viu quem governa ser obrigado a alguma coisa, sobretudo votar?
Todavia, é importante separar o joio do trigo para não haver engano. Isto é: democracia há, mas apenas para a elite e para os políticos profissionais, que não são obrigados a nada, enquanto a trampa é para o povo, obrigado a tudo. E, aliás, o povo vive sob o medo do político profissional, que se prevalece disso.
Para não restarem dúvidas, apesar da obviedade, é de fundamental importância lembrar quem faz as leis é quem governa. E as leis jamais serão contra seus autores, ou não? Por isso é que essa gente nunca vai para a cadeia.
E a trampa é sempre maior quando o povo clama por justiça, que nunca chega. Também, pudera: a Justiça se submete à lei que é feita pelos corruptos, ladrões do dinheiro público, enfim, por uma guangue que só tem a preocupação com seu próprio bolso, com sua conta bancária.
A penca de casos de políticos profissionais, que nunca são condenados e, obviamente, presos é o mais perfeito exemplo dessa democracia de trampa, ficando claro, então, que nessa democracia não há justiça – embora os neófitos da jurisprudência tentem justificar o injustificável com um idealismo messiânico propagado no vácuo deixado pelos decanos que se fingem de mortos.
Livres e com a proteção das leis, os políticos profissionais se servem da representatividade arrancada pelo voto obrigatório e praticam toda sorte de crimes. Mantêm-se empregados com ótimo salário, somado às verbas de gabinetes (o que dá numa excepcional montanha de dinheiro). E o que é pior: ainda roubam o dinheiro público, que é de eleitor.
Mas, como “tudo o que é sólido se desmancha no ar”, segundo Karl Marx, isso tem levado a reações esporádicas do povo, manifestadas na alta rejeição dos políticos profissionais, estejam eles no Executivo, Legislativo e Judiciário e no repúdio às eleições através de frases como: “votar é empregar político para roubar o povo” e “eleição é concurso para ladrão”.
E negar esse movimento é manter a opressão como uma falsa liberdade de escolha, como vem fazendo a elite por meio de um segmento de sua superestrutura, notadamente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a propaganda em favor das eleições que diz ser a “festa da democracia”.
Sua democracia, claro.
Autor: Luiz Mario de Melo e Silva (Coordenador do Fórum em Defesa do Meio Ambiente de Icoaraci – FDMAI)
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