O conhecimento científico: previsões e provas
O uso da palavra previsão em textos ou palestras científicas nunca me agradou. Antes de refletir um pouco mais sobre o assunto, apenas ficava incomodado sem compreender a imensa importância que esta palavrinha traz ao fazer científico. Tentarei definir a acepção de previsão.
O dicionário Houaiss informa-nos que previsão é: 1. ato ou efeito de prever; antevisão, presciência; 2. presságio; e 3. antecipação, na base de suposições, do que ainda não aconteceu; conjectura. Faço o questionamento: Ciência é algo sobrenatural?
Quem caminha pela orientação da razão e faz ciência deplora a pseudociência. Mas, então, por que usa-se tanto um termo que é do universo da pseudo-ciência. Alguém, astuto, indagará de imediato: meteorologia é ciência e quando fala-se do tempo no telejornal é usado a palavra previsão! Flechada certeira! Diria que a culpa está nos próprios cientistas que orgulham-se em demonstrar "superioridade" em relação aos leigos (prefiro dizer: aos não iniciados na Arte da Ciência). É o caso onde a regra vale somente para o outro.
Algumas alternativas ao uso de "previsão" seriam: projeção, predição, extrapolação..., pois o pesquisador: conclui baseado em observações anteriores, ou seja, a partir do presente tenta-se enchergar o futuro e não (como a palavra previsão traz em sua semântica) vê o futuro e vem nos contar, afinal, quem exporia tamanha vantagem (Como observou Stephen Hawking em "Uma nova história do tempo") sem nada em troca (seria um deus?).
Por outro lado e consequência do primeiro, as ditas provas científicas são definidas com base nas previsões. Mas se o cientista não preve nada, como está provado? Parece que esquecemos de apoiarmos "sobre ombros de gigantes", pois o trabalho de Karl Popper, o qual acendeu a luz da humanidade que a ciência não prova nada, apenas desprova: é o método hipotético-dedutivo. Essa pequena diferença parece irrelevante, mas não é! Dúvide sempre, de qualquer afirmação (inclusive desta!), quando alguma "autoridade científica" disser: "...está provado cientificamente".
Um exemplo, que deteriora os grandes autores construtores da metodologia científica, é o caso da construção da UHE de Belo Monte, no rio Xingu, Pará, Amazônia. Quando as ditas autoridades pronunciam-se dizem que cientificamente não tem como nada dar errado e que a ciência já provou a viabilidade do empreendimento. Esquecem (ou escamoteiam como diria o Luiz Mário de Melo e Silva) que a Estatística mostra que toda equação (leia-se representação ou resumo da realidade) possui erro, que é a variabilidade, a aleatoriedade, variáveis (ou variável) que não são mensuráveis e influenciam todo o estudo, toda observação. Fazer ciência é buscar a verdade, sempre, e não a busca pela primeira verdade.
Autor: Paulo Guilherme Pinheiro
e-mail: pauloguilhermez@yahoo.com.br
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