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(Douglas Adams, 1952-2001)

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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Ciência

O conhecimento científico: previsões e provas

O uso da palavra previsão em textos ou palestras científicas nunca me agradou. Antes de refletir um pouco mais sobre o assunto, apenas ficava incomodado sem compreender a imensa importância que esta palavrinha traz ao fazer científico. Tentarei definir a acepção de previsão.

O dicionário Houaiss informa-nos que previsão é: 1. ato ou efeito de prever; antevisão, presciência; 2. presságio; e 3. antecipação, na base de suposições, do que ainda não aconteceu; conjectura. Faço o questionamento: Ciência é algo sobrenatural?

Quem caminha pela orientação da razão e faz ciência deplora a pseudociência. Mas, então, por que usa-se tanto um termo que é do universo da pseudo-ciência. Alguém, astuto, indagará de imediato: meteorologia é ciência e quando fala-se do tempo no telejornal é usado a palavra previsão! Flechada certeira! Diria que a culpa está nos próprios cientistas que orgulham-se em demonstrar "superioridade" em relação aos leigos (prefiro dizer: aos não iniciados na Arte da Ciência). É o caso onde a regra vale somente para o outro.

Algumas alternativas ao uso de "previsão" seriam: projeção, predição, extrapolação..., pois o pesquisador: conclui baseado em observações anteriores, ou seja, a partir do presente tenta-se enchergar o futuro e não (como a palavra previsão traz em sua semântica) vê o futuro e vem nos contar, afinal, quem exporia tamanha vantagem (Como observou Stephen Hawking em "Uma nova história do tempo") sem nada em troca (seria um deus?).

Por outro lado e consequência do primeiro, as ditas provas científicas são definidas com base nas previsões. Mas se o cientista não preve nada, como está provado? Parece que esquecemos de apoiarmos "sobre ombros de gigantes", pois o trabalho de Karl Popper, o qual acendeu a luz da humanidade que a ciência não prova nada, apenas desprova: é o método hipotético-dedutivo. Essa pequena diferença parece irrelevante, mas não é! Dúvide sempre, de qualquer afirmação (inclusive desta!), quando alguma "autoridade científica" disser: "...está provado cientificamente".

Um exemplo, que deteriora os grandes autores construtores da metodologia científica, é o caso da construção da UHE de Belo Monte, no rio Xingu, Pará, Amazônia. Quando as ditas autoridades pronunciam-se dizem que cientificamente não tem como nada dar errado e que a ciência já provou a viabilidade do empreendimento. Esquecem (ou escamoteiam como diria o Luiz Mário de Melo e Silva) que a Estatística mostra que toda equação (leia-se representação ou resumo da realidade) possui erro, que é a variabilidade, a aleatoriedade, variáveis (ou variável) que não são mensuráveis e influenciam todo o estudo, toda observação. Fazer ciência é buscar a verdade, sempre, e não a busca pela primeira verdade.

Autor: Paulo Guilherme Pinheiro
e-mail: pauloguilhermez@yahoo.com.br

Um comentário:

  1. Luiz Mário de Melo e Silva13 de junho de 2010 às 09:24

    Não é demais acrescentar, então, que a pseudo-ciência, por ser a mais praticada, é a ferramenta a moldar a realidade, daí a sociedade atual semelhante a uma incubadora a produzir alienados. Óbvio que algo assim é calculado. Logo, é a ciência a serviço de alguns poucos em detrimento da maioria. A pergunta que não quer calar é: até quando permanecerá este estado de coisas? Será preciso alcançar o último estágio da barbárie para eliminar enorme parcela da população mundial e só depois praticar ciência como uma “virtude aristocrática”, entre os escolhidos? Nos dias atuais, aliás, como sempre foi, é perigoso, para as elites, a ciência entre a massa, portanto..... Porém, a inteligência mostra que é possível a superação desta realidade, como a perspicácia do artigo propõe, e o qual tem que ser tomado como correção de rumo.

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